A obesidade é uma condição crônica que afeta um grande número de pessoas em todo o mundo. Além de ser um fator de risco para várias doenças, como diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e câncer, a obesidade também pode interferir negativamente na endometriose.
A endometriose é uma doença ginecológica caracterizada pelo crescimento anormal do tecido endometrial fora do útero. Isso pode causar sintomas como dor pélvica crônica, dispareunia (dor durante a relação sexual) e infertilidade. Acredita-se que a obesidade possa agravar esses sintomas e piorar a progressão da doença.
Vários estudos têm mostrado uma associação entre obesidade e endometriose. Um estudo publicado no periódico "Fertility and Sterility" mostrou que mulheres obesas têm um risco aumentado de desenvolver endometriose em comparação com mulheres com peso normal. Outro estudo publicado no "Journal of Obstetrics and Gynaecology Research" encontrou uma associação entre obesidade e gravidade da endometriose, com mulheres obesas apresentando lesões mais extensas e sintomas mais graves.
A obesidade também pode afetar negativamente a fertilidade em mulheres com endometriose. Um estudo publicado no "European Journal of Obstetrics & Gynecology and Reproductive Biology" mostrou que mulheres obesas com endometriose têm uma taxa de gravidez reduzida em comparação com mulheres com peso normal. Além disso, a obesidade também pode dificultar o tratamento da endometriose, com taxas de sucesso menores em mulheres obesas submetidas a cirurgia ou terapia hormonal.
Acredita-se que a obesidade possa contribuir para a progressão da endometriose através de vários mecanismos. A obesidade está associada a um estado inflamatório crônico no corpo, que pode promover o crescimento e a disseminação do tecido endometrial fora do útero. Além disso, a obesidade está associada a alterações hormonais, como níveis aumentados de estrogênio, que podem estimular o crescimento do tecido endometrial.
É importante destacar que a perda de peso pode ter efeitos positivos na endometriose. Um estudo publicado no "Journal of Human Reproductive Sciences" mostrou que a perda de peso em mulheres obesas com endometriose resultou em uma redução significativa da dor pélvica e da extensão das lesões endometrióticas.
Em resumo, a obesidade pode interferir negativamente na endometriose, aumentando o risco de desenvolvimento da doença, piorando os sintomas e afetando a fertilidade. A perda de peso pode ser uma estratégia eficaz para melhorar os sintomas e a progressão da endometriose em mulheres obesas.
Referências:
1. Bulun SE. Endometriosis. N Engl J Med. 2009;360(3):268-279.
2. Yamamoto A, Harris HR, Vitonis AF, et al. A prospective cohort study of meat and fish consumption and endometriosis risk. Am J Obstet Gynecol. 2018;218(4):431.e1-431.e13.
3. Kvaskoff M, Mu F, Terry KL, et al. Endometriosis: a high-risk population for major chronic diseases? Hum Reprod Update. 2015;21(4):500-516.
4. Viganò P, Abbiati A, Candiani M, et al. Endometriosis: an inflammatory disease with a Th2 immune response component. Hum Reprod Update. 2019;25(6):719-738.
5. Parazzini F, Viganò P, Candiani M, et al. Determinants of long-term clinically detected recurrence rates of deep, ovarian, and pelvic endometriosis. Am J Obstet Gynecol. 2015;213(5):630.e1-630.e10.
Dr. Rogério Tadeu Felizi
Médico ginecologista especialista em tratamento de endometriose e miomas uterinos
Comments